Para aproximar os achados arqueológicos da sociedade, pesquisadora defende a integração da área com museus

09/11/13


O patrimônio paulista, amplo e diversificado, conta uma história que poucos conhecem. E uma das formas de aproximar a sociedade desse patrimônio, que pouco tem sido utilizado, seria a articulação da arqueologia com os museus, de acordo com a arqueóloga Camila Azevedo de Moraes Wichers.

“Mais do que divulgar o que é encontrado, é importante, do ponto de vista das comunidades locais, identificar a função social dos materiais e como isso vai ser usado de modo coletivo”, defende.

Para a pesquisadora, a arqueologia tem uma função social que deve ser ampliada, o que deve ocorrer a partir da integração de vestígios materiais com processos de educação e de comunicação.

Os museus seriam, nesse contexto, ferramentas de aproximação da sociedade com o tema, mostrando que o desenvolvimento sustentável e a preservação podem caminhar lado a lado.

A atuação na área de arqueologia tem ganhado espaço nos últimos anos. As obras de construção civil realizadas no Brasil precisam, desde 2002, de uma equipe de arqueologia para cumprir a legislação de licenciamento arqueológico.

“A legislação pede pesquisa, salvaguarda de acervos, e também projetos de educação para divulgar [os achados]. A partir de então, tivemos um boom de pesquisas arqueológicas”, conta Wichers.

São Paulo é responsável por 25% das pesquisas desse tipo no país. “O estado tem tradição de pesquisas de sambaquis (depósitos de conchas), sítios líticos (com pedras lascadas), aldeias e sítios arqueológicos e históricos, localizados principalmente no litoral e nos vales do Ribeira e do Paranapanema”, conta. De acordo com a pesquisadora, entre 2003 e 2012, foram quase 800 pesquisas no estado de São Paulo.

A tese de doutorado de Camila Wichers “Patrimônio Arqueológico Paulista: Proposições e Provocações Museológicas”, defendida no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP), foi tema do programa Fala, Doutor, da UNIVESP TV.

Veja a seguir a entrevista na íntegra: