Historiador da USP fala sobre esse assunto, no programa História, da UNIVESP TV

10/06/15


O historiador do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), Rafael de Bivar Marquese, fala sobre a escravidão moderna iniciada com a descoberta das Américas e do Caribe, no programa História, da UNIVESP TV. O Professor Marquese é autor, entre outros, de Feitores do Corpo, Missionários Da Mente – Senhores, letrados e controle dos escravos nas Américas, 1660-1860 (Companhia das Letras, 2004).

De acordo Marquese, a escravidão moderna é associada à escravidão negra, ou seja, ligada ao tráfico transatlântico negreiro, que começou com a colonização do Brasil, da América Espanhola e do Caribe. É uma escravidão relacionada ao mundo industrial, com a produção de artigos primários para a indústria têxtil, como no caso do algodão, nos Estados Unidos, que é a principal matéria-prima para a revolução industrial; o açúcar, em Cuba, que é um produto circular explorado há muito tempo; e o café, no Brasil, sendo a terceira mercadoria chave, a qual se articula à sociedade brasileira.

Segundo o historiador, a Guerra de Secessão ou Guerra Civil dos Estados Unidos, travada entre 1861 e 1865, deve ser conceituada como o grande evento de crise da escravidão mundial do século XIX. “O que causou a escravidão foi a guerra civil. […]. Desde o início, foi percebido que a escravidão era o ponto chave para o conflito, quando o combate chegou ao fim, grande parte das tropas era composta por negros”, disse.

Para Marquese, o Império do Brasil está associado diretamente à escravidão, aliás, para o historiador, a crise da escravidão é também a crise do Império no país. “No caso específico da Instituição da Escravidão, essa é uma história que tem que ser escrita em escala global. Ela não tem como ser escrita em escala nacional”. Isso porque são vários os aspectos que devem ser examinados, como forças econômicas, políticas e sociais.


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