Especialista da Unifesp comenta sobre as relações entre as obras do autor e a imprensa na República Velha

14/04/16


O programa História, da UNIVESP TV, entrevista Denilson Botelho, pesquisador da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (EFLCH – Unifesp), sobre a história da imprensa durante o período da Primeira República Brasileira (1889-1930), interpretada a partir da literatura ficcional do escritor Lima Barreto (1881-1922).

De acordo com Botelho, o escritor foi uma testemunha privilegiada da transição do Brasil escravista e monárquico para a República Velha, e sua obra reflete esse processo histórico. “No caso do Lima Barreto especificamente, que adota uma perspectiva de dialogar com a realidade na qual ele vive, e muitas vezes, de satirizar essa realidade, a sua literatura é [um meio] de pensar naquele período da história”, comenta.

Segundo o pesquisador, as obras de Lima Barreto tiveram uma atuação muito significativa na imprensa durante a República Velha, já que boa parte dos seus textos literários circulavam em páginas de jornais e revistas estudantis. Em 1907, o escritor criou a revista Floreal em parceria com um grupo de amigos, na tentativa de ampliar o espaço para textos literários nas publicações da época. Mas foi somente em 1915 que o autor publicou o romance Numa e a Ninfa no formato folhetim, no jornal A Noite.  

Botelho destaca também a presença do tema da imprensa nos textos de Lima Barreto. Em seu romance de estreia, Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), por exemplo, o escritor “cria um jornal ficcional e algumas passagens desse romance acontecem inclusive na redação desse jornal”. No obra, ele faz um retrato bastante crítico da imprensa e dos mecanismos que a regiam naquele período. Ao escolher o tema, de acordo com o pesquisador, Lima Barreto buscava provocar um debate público a respeito da impossibilidade de os escritores da época publicarem suas obras em tais veículos.

 

Confira a entrevista completa: