Durante encontro, o professor conheceu as instalações e fez palestra sobre aprendizagem baseada em projetos, ensino em equipe e neurodiversidade
O pesquisador alemão Grischa Liebel, professor assistente em Engenharia de Software e diretor do centro de pesquisa CRESS na Universidade de Reykjavik, na Islândia, realizou uma palestra nesta quinta-feira (27/04) para professores e representantes da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), gravada no estúdio da Univesp TV, na capital paulista. O encontro também contou com as presenças do presidente da instituição, professor Marcos Borges, e da diretora acadêmica, professora Simone Telles. Entre as temáticas abordadas, estão o ensino em equipe, aprendizagem baseada em projetos, por meio de metodologias ativas e pesquisa sobre neurodiversidade. A gravação fará parte de uma nova atração da emissora.
Liebel possui doutorado pela Chalmers University, Suécia. Suas pesquisas se concentram em fatores humanos em engenharia de software, normalmente em áreas como Modelagem e Engenharia Baseada em Modelos, Engenharia de Requisitos, Processos e Educação em Engenharia de Software. Grande parte de seu estudo é feito em colaboração com a indústria e pessoas.
O primeiro tema abordado no encontro foi o método PBL (Problem Based Learning), aprendizagem baseada em projetos desenvolvidos na sala de aula. De acordo com o pesquisador, na Suécia e Islândia, as universidades usam esse método, que é reconhecido pelas empresas. As organizações acreditam que os estudantes saem mais preparados para o mercado de trabalho. Segundo o professor, os projetos elaborados durante a graduação oferecem um leque diversificado de possibilidades de interações, reflexões, escolhas e desenvolvimento do trabalho em equipe que aperfeiçoam o aprendizado.
As aulas baseadas em projetos são aplicadas para 200 alunos de um curso, que formam grupos aleatórios de, aproximadamente, 05 a 09 pessoas. São feitos cerca de 30 grupos. Essas equipes definem problemáticas para cada sprint. Durante o decorrer da iniciativa, os estudantes fazem palestras, reuniões e possuem avaliações pelos pares e individualmente. Eles também são avaliados por meio de rubricas de participação. Os estudantes devem propor uma solução aplicável usando os conhecimentos debatidos nas disciplinas. O pesquisador sempre interage com os alunos. Para Liebel, a integração é fundamental para o sucesso da proposta.
Durante a conversa, Simone Telles mostrou a semelhança do conteúdo apresentado com o Projeto Integrador (PI) da Univesp. “A instituição possui uma atividade curricular obrigatória, que consiste na resolução de um problema real contextualizado na profissão em que o curso está inserido. Ao longo do semestre, os estudantes têm autonomia de aprendizagem no que tange à pesquisa, organização e desenvolvimento do projeto, com suportes e acompanhamentos semanais do orientador de PI. A cada semestre, os temas mudam, mas a metodologia sempre é igual. Esse modelo foi implantado desde 2014 e segue as tendências mundiais”, explicou.
Outro assunto levantado na apresentação, foi a importância do trabalho em equipe na área acadêmica. Liebel defende que o ensino em conjunto na educação pode oferecer aos alunos explicações múltiplas para conceitos complexos, além de melhorar o desenvolvimento do professor. “A contribuição de docentes auxiliares estimula uma reflexão sobre o conteúdo e evita a mecanização no percurso”, disse.
Neurodiversidade
Outro tópico apresentado foi sobre neurodiversidade e os mecanismos voltados para melhorar as condições de indivíduos com Transtornos de Espectro autista (TEA), Transtorno de Défict de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e dislexia durante os anos do curso de Ensino Superior.
Em uma pesquisa recente com alunos da Universidade de Reykjavik, foi possível diagnosticar e oferecer ferramentas para melhorar os problemas enfrentados pelos discentes neurodivergentes (ND), entre eles, a exclusão, a ausência de conscientização entre outros estudantes e funcionários, formas de avaliação e a falta de acomodações oferecidas. Fatores que segundo o autor, geralmente levam ao estresse, ansiedade e, finalmente, ao risco de abandono do curso.
Segundo Liebel, as acomodações para neurodivergentes exige um esforço substancial. No entanto, mudanças menores no material do curso já podem ter grande impacto. O estudo foi desenvolvido com uma intervenção em quatro disciplinas de programas de graduação em Ciência da Computação, durante um período de dois mandatos. Seguindo as diretrizes de acessibilidade produzidas por grupos de interesse para diferentes condições de neurodivergentes, foram criados materiais de curso na forma de slides e tarefas especificamente adaptadas ao público estudado.
A pesquisa foi concentrada em pequenas mudanças econômicas que poderiam ser replicadas por educadores com um investimento mínimo de tempo. O sucesso da intervenção foi avaliado por meio de duas vertentes, revelando uma avaliação globalmente positiva entre alunos ND e neurotípicos (NT).
Para estudantes com TEA, focaram em um ambiente sensorial, com a redução de cores fortes ou superfícies padronizadas, redução de cheiros e ruídos, comunicação, formas de fuga e consciência geral sobre TEA entre os funcionários. Para estudantes com TDAH, trabalharam a paciência e compreensão, estrutura clara e comunicação. Foi usado um relatório da ADHD Foundation sobre como ensinar e gerenciar alunos com TDAH2. O material fornece uma introdução geral ao TDAH. Em seguida, são feitas sugestões sobre como as salas de aula podem tornar-se mais acessível aos discentes com TDAH. Primeiro, os professores são encorajados a mostrar paciência e compreensão para comportamentos que possam parecer estranhos, como movimentos excessivos ou comentários impróprios.
Já, os materiais desenvolvidos aos disléxicos, foram voltados para estilo e apresentação de material visual. Foi considerado o guia de estilo da British Dyslexia Association3. Algumas das mudanças recomendadas foi o uso de fontes fáceis de ler para indivíduos disléxicos, por exemplo, Arial e Comic Sans4; aumentar o tamanho da fonte; aumento do espaçamento entre letras, palavras e linhas; usando texto alinhado à esquerda em vez de texto justificado; evitar coluna e utilizar textos com fundos de cor creme em vez de branco liso. Além disso, adaptar o estilo de escrita e evitar a voz passiva, usando frases concisas.
Acessibilidade na Univesp
A Univesp possui estudos, atendimento personalizado e recursos didáticos voltados à Pessoa com Deficiência (PcD), entre eles, materiais adaptados impressos com relevo, Braille, suporte a leitor de tela, videoaulas com audiodescrição, legendas e libras, além de disponibilizar mais tempo para a realização de avaliações e adaptação de provas para cegos no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Encerramento
No final da palestra, o presidente Marcos Borges agradeceu a colaboração do convidado e a presença da equipe. “É fundamental abrirmos espaços para troca de experiências com pesquisadores internacionais e aprimorarmos as metodologias aplicadas. Temos que preparar o nosso estudante para o mercado de trabalho e fortalecer o sistema educacional brasileiro. Contamos com os nossos alunos e futuros docentes para revolucionar o ensino”, concluiu.
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