Programa SP Pesquisa acompanha o desenvolvimento e os primeiros resultados obtidos com o medicamento, que foi testado em macacos e camundongos
A ciência brasileira está perto de um feito que pesquisadores do mundo inteiro procuram há 30 anos: a vacina contra a Aids. O programa SP Pesquisa foi aos laboratórios da Universidade de São Paulo (USP), onde foi desenvolvida a vacina HIVBr18, contra o HIV (vírus da imunodeficiência humana, causador da Aids). O medicamento foi concebido pelos pesquisadores Edecio Cunha Neto e Jorge Kalil, do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração de São Paulo, que depositaram a patente do HIVBr18 em 2006, nos Estados Unidos e na Europa.
A reportagem acompanhou os primeiros resultados obtidos com a vacina, que está em fase de testes com primatas desde 2013, no Instituto Butantan, em São Paulo. Três meses após terem sido vacinados, os macacos desenvolveram as respostas esperadas pelos pesquisadores. As investigações que levaram à vacina HIVBr18 começaram há 12 anos, a partir de estudos com um grupo de pacientes que, apesar de infectados pelo HIV, não apresentavam os sintomas da doença.
O HIV se aloja e se reproduz em células do sistema imune – os linfócitos -, que são rompidos em seguida, o que diminui a resposta imunológica dos indivíduos infectados. “[A infecção de seres humanos pelo HIV] começou provavelmente com a transmissão de um vírus que já infecta macacos que vivem na região central da África”, explica o infectologista e imunologista Esper Kallás. Tribos que habitavam a região onde fica hoje a República Democrática do Congo caçavam e domesticavam chimpanzés, que podiam estar infectados pelo vírus da imunodeficiência simia (SIV). Os cientistas acreditam que o SIV sofreu mutações, gerando o HIV, que passou a infectar humanos.
Em 1983, o francês Luc Montagnier isolou o vírus que ele acreditava ser o causador da Aids. No ano seguinte, o americano Robert Gallo anunciou a descoberta desse vírus e patenteou o teste para identificá-lo. Desde que foi identificado, o vírus da Aids já matou mais de 20 milhões de pessoas em todos os continentes. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca trinta e cinco milhões de pessoas vivem hoje com o HIV.
Os pesquisadores brasileiros mostram como a vacina HIVBr18 funciona em camundongos geneticamente modificados. “[A vacina] foi reconhecida pelo sistema imune dos camundongos e ela foi capaz de induzir essas células específicas contra o vírus”, disse Suzan Ribeiro, bióloga da Faculdade de Medicina da USP.
As vacinas fazem com que o sistema imune reconheça e liquide o organismo estranho ao corpo. Se o vírus sofre mutações, a imunização não acontece. “O vírus sofre muitas mutações, [quando] o indivíduo é infectado por um vírus, no mesmo dia ele já produziu inúmeros vírus com características diferentes”, explica Daniela Santoro, professora de imunologia da Universidade Federal de São Paulo. Por isso, até hoje, dezenas de tentativas de obter uma vacina eficaz contra o HIV não tiveram sucesso. No mundo, apenas três avançaram até testes clínicos com seres humanos, e nenhuma delas produziu mais que trinta por cento de imunização.
Mesmo com as respostas positivas das vacinas testadas em macacos e camundongos, há um consenso entre os cientistas de que apenas um tipo de vacina não será suficiente para controlar o vírus. Desde de 2010, Daniela Santoro já estuda uma vacina complementar.
Assista às duas partes da reportagem e saiba mais sobre a vacina contra a Aids:
Parte 1
Parte 2
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