Livro narra o percurso do artista a partir da década de 1950

12/05/15


O filósofo e professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Celso Favaretto, fala em entrevista ao programa Livros, da UNIVESP TV, sobre a sua obra A invenção de Hélio Oiticica (EdUSP), cuja segunda edição foi lançada este ano. Favaretto explica o percurso de Oiticica a partir da década de 1950, e a forma como ele fazia e pensava suas obras.

Hélio Oiticica (1937-1980) foi um pintor, escultor, artista plástico e performático brasileiro de aspirações anarquistas. Entre 1955 e 1956, fez parte do Grupo Frente de artistas concretos cariocas. Segundo Favaretto, após essa fase concretista, o artista abandonou a tela de pintura e passou a adotar o relevo, rompendo dessa forma com as molduras e propondo uma arte ambiental.

Oiticica introduziu a vivência popular na sua obra a partir da experiência que teve na escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Daí surgiram as suas famosas capas coloridas, os parangolés. De acordo com Favaretto, este conjunto de obras nasceu de uma necessidade do artista de desinibição intelectual, de uma livre expressão que ele chamava de “antiarte por excelência”.

Em 1967, Oiticica instala no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, na exposição Nova Objetividade, o labirinto Tropicália – segundo Favaretto, uma tentativa do artista de entender as assincronias do país, a convivência do avançado com o atrasado, isto é, do arcaico com o moderno. A obra foi apresentada no formato de duas cabines, ou dois labirintos, que proporcionavam ao espectador penetrar nos compartimentos, tornando-se participante do processo. “A [instalação] Tropicália figura uma espécie de construção das favelas, uma vez que a penetração desse labirinto é semelhante ao andar pelas quebradas das favelas”, diz o pesquisador.

No fim de 1968, Oiticica recebe um convite para ir à Londres e faz uma grande intervenção, apresentando suas produções de maneira livre, o que ele não poderia fazer de maneira alguma no Brasil, por conta da censura no período do regime militar.

Assista à entrevista: