Caroline Martins traduz aulas de todos os cursos oferecidos pela universidade; método garante a inclusão de alunos surdos e com deficiências auditivas

18/02/19


A inclusão faz parte das diretrizes da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). A temática está inserida em todas as ações da diretoria acadêmica da instituição. Desde 2018, são desenvolvidas iniciativas voltadas à acessibilidade de alunos deficientes, como audiodescrição das videoaulas, produção de materiais táteis e descrição de fórmulas no ambiente virtual, além da interpretação da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Atualmente são 300 estudantes matriculados com algum tipo de deficiência, entre elas, físicas, mentais, auditivas, visuais, transtornos, autismo e superdotação.

Para auxiliar os alunos surdos e com deficiências auditivas, a Univesp disponibiliza a intérprete de Libras Caroline Martins, de 33 anos. Ela traduz aulas e conferências dos cursos de Engenharia de Produção, Engenharia de Computação, Pedagogia, Gestão Pública, Licenciaturas em Biologia, Física, Matemática e Química, além de inglês. “Os conteúdos são complexos. Antes da gravação em Libras, assisto as aulas e estudo os temas por aproximadamente duas horas”, disse a intérprete.

A tradutora, que chega a gravar até seis aulas por dia, conta com a colaboração da consultora e professora de Libras, Cristiane Esteves. “Por ser ativa na comunidade surda e por ter contato com professores de todo o país, a Cris me ajuda muito. Estudamos juntas e discutimos vocabulário”, acrescentou.

Caroline começou a se interessar pela língua de sinais por curiosidade. Quando era criança, tinha contato com os vizinhos surdos de sua tia. “Eu achava o máximo o jeito que eles se comunicavam. Com eles, aprendi o alfabeto e quando completei 16 anos fiz meu primeiro curso de Libras”, revelou. O curso preparatório foi realizado aos 22 anos. “Na época, meu professor deu alguns textos para eu traduzir. Gostei e não parei mais”, explicou. A intérprete também fala inglês e italiano e pretende aprender a língua de sinais desses países.

De acordo com Caroline é fundamental que a sociedade entenda que as pessoas surdas e com deficiências auditivas tenham direito a uma vida acadêmica como qualquer outro estudante. “Temos que tratar todos com igualdade. A única diferença é que em Libras usamos todo o corpo para se comunicar”, afirmou.

Quem quiser conhecer mais sobre a língua de sinais, pode acessar o Recurso Educacional Aberto (REA), produzido pela equipe técnica de Desenvolvimento e Produção de Material Didático da Univesp, “A Língua das Mãos”, e às aulas da universidade sobre o tema.