02/05/14


As Universidades de Harvard e de Stanford, nos Estados Unidos, iniciaram nos últimos anos a reforma curricular de seus programas de graduação com o intuito de flexibilizar os currículos dos cursos e propiciar aos estudantes uma formação mais sólida e diversificada, entre outros objetivos.

Já no Brasil esse processo enfrenta alguns obstáculos, como o conservadorismo das instituições e a resistência dos docentes em mudar a forma tradicional de suas aulas, apontaram especialistas participantes do simpósio Excellence in Higher Education, ocorrido nos dias 23 e 24 de janeiro na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Realizado pela Fapesp em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o encontro teve como objetivo debater os determinantes da excelência no ensino superior no Brasil e formular recomendações que poderão embasar políticas públicas.

“Há um grande conservadorismo das universidades brasileiras em promover a reforma do currículo de seus cursos de graduação que faz com que as instituições novas, com programas de graduação recém-criados, tenham mais sucesso do que as instituições mais antigas nesse aspecto”, disse Luiz Davidovich, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ) e diretor da ABC.

“Em outros países, contudo, são as instituições tradicionais que têm liderado as mudanças”, afirmou Davidovich, na palestra que proferiu durante o evento.

De acordo com Davidovich, a última reforma curricular da Universidade de Harvard foi iniciada no começo dos anos 2000 e liderada por Lawrence Summers, reitor da instituição entre 2000 e 2006.

As mudanças no currículo dos cursos de graduação da universidade norte-americana fizeram com que estudantes da área de Ciências Humanas passassem a ser incentivados a visitar um laboratório de Biologia, por exemplo, para conhecer o que ocorre em outras áreas, contou Davidovich.

Além disso, passou-se a exigir que os estudantes da instituição tenham de frequentar, pelo menos, um curso como “Cultura e credo” e “Estética e interpretação”, entre outros.

O exemplo de Harvard foi seguido por outras instituições norte-americanas, como a Universidade de Stanford, que criou uma comissão, composta por professores de diferentes departamentos, para estudar um novo currículo para a instituição.

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