Livro traz reflexão sobre a diferença entre as políticas culturais para os índios e dos índios

04/05/15


O programa Livros, da UNIVESP TV, entrevista o antropólogo Pedro de Niemeyer Cesarino, que fala sobre o seu livro Políticas Culturais e Povos Indígenas (Editora Cultura Acadêmica, 2014), organizado por ele e pela antropóloga Manuela Carneiro da Cunha. A obra é composta por 19 ensaios, que debatem a política cultural feita para os índios e a política cultural feita pelos próprios índios – como essas políticas se cruzam e os resultados que apresentam.

O livro inclui textos de autores indígenas, como Mutuá Machínaku, que mora em uma comunidade Kuikuro no Alto Xingu, e defendeu o seu mestrado no programa de pós graduação em Antropologia Social no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. De acordo com Cesarino, o texto de Machínaku traz uma reflexão do impacto da escolarização e da escrita nas culturas indígenas, além da transformação que a escrita acarreta nos moldes da transmissão oral.

De acordo com Cesarino, as políticas culturais para os indígenas são, em geral, formuladas pelo Estado. Já políticas culturais dos índios seriam algo inventado por estudiosos para tentar pensar as maneiras pelas quais os povos indígenas articulam as suas formas de conhecimento e a transmissão de instruções tradicionais.

A cultura só existe, segundo Cesarino, através de seu contato com outras culturas, e só se estabelece por meio de relações de vizinhanças. “As sociedades indígenas sempre estiveram em contato umas com as outras. As formas de conhecimento [indígenas], portanto, sempre se deram por meio de relações de aculturação”, completou.

Ao contrário do que afirmam muitos autores, Cesarino defende: “As culturas indígenas continuam muito vivas, essas culturas não são mais frágeis do que outras”.

Assista à entrevista: